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sábado, 4 de junho de 2011

Terremoto provoca dez mortes na Espanha

Gabrielle Fernandes
  Um terremoto no sudeste da Espanha deixou pelo menos dez mortos e vários feridos em estado grave, no fim da tarde de 11 de maio. Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS na sigla em inglês), que monitora e estuda abalos sísmicos, o terremoto atingiu 5,7 graus na escala Richter, às 18h47 local (13h47 de Brasília). As vítimas eram da cidade de Lorca, que tem 90 mil habitantes. Na cidade de Múrcia, município que fica a 4 km do epicentro do terremoto, construções históricas ficaram destruídas. Os técnicos municipais estão analisando se os edifícios têm danos estruturais ou apenas nas fachadas.
“De repente, o chão começou a tremer, minha mãe chegou gritando para ficarmos embaixo dos portais”, contou Emílio, morador de Múrcia, à televisão pública espanhola. Dez mil pessoas ficaram desabrigadas. “A prioridade no momento é atender aos feridos e ver as possíveis vítimas”, informou Francisco Jodar, prefeito da cidade. Na rádio pública, RNE, o delegado do governo de Múrcia, Rafael González Tovar, relatou que todo o centro de Lorca foi atingido.
O epicentro do terremoto foi a 353 km de Madri, mas o tremor também foi sentido na capital, porém sem danos. Segundo o governo, Albacete e Vélez-Rubio, na região de Almeria, também sentiu o abalo. O tremor ocorreu a uma profundidade de cerca de um quilômetro, considerada bastante rasa para tremores, o que aumenta o potencial destrutivo. As autoridades espanholas afirmaram que um outro tremor, de magnitude 4,4 ocorreu pouco antes de 15h05 (horário local).
“O sudeste da Espanha é uma das regiões de maior periculosidade sísmica da Península Ibérica e é normal que se alcancem estas magnitudes, mas não temos constâncias de magnitudes maiores na região”, explicou o diretor da rede sísmica espanhola, Emílio Carreño, à rádio pública. Até então, o maior terremoto sofrido na região de Múrcia ocorreu em 1999 e alcançou 5,2 de magnitude, segundo o jornal El País. O último terremoto que registrou mortes no país deixou sete mortos em Huelva (sudoeste), com uma magnitude de 7,8 graus e epicentro no sudoeste do cabo de São Vicente em Portugal.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Especialista minimiza papel das redes sociais nos protestos na Líbia

Pesquisador da UFRJ afirma que reais causas derivam da pobreza no país

Gabrielle Fernandes
Alto desemprego, elevado preço dos alimentos e importação da maior parte dos bens necessários ao abastecimento. Esses foram os principais problemas que levaram os líbios do Leste do país a iniciar uma onda de protestos em fevereiro que se espalhou por toda a Líbia, acompanhando os movimentos revoltosos no Egito e na Tunísia, que lutam por liberdade desde o ano passado. As cidades de Benghazi, segunda maior do país e epicentro dos protestos, Tobruk e Derna, região onde a popularidade do ditador Muammar Kadhafi é mais baixa, foram tomadas por oposicionistas. Mas cidades mais próximas à capital Trípoli, como Minsratah e Zawiya, também ficaram sob controle dos rebeldes.
No governo desde 1969, Kadhafi disse que só deixará o comando do país morto. Os protestos contra o regime e a violenta repressão às manifestações provocou milhares de mortes e levou a situação a uma guerra civil.
Leonardo Valente, professor de Relações Internacionais (RI) da UFRJ, afirmou que essas revoltas, sem dúvida, acontecem por contágio em um movimento em que os meios de comunicação contribuem tecnicamente para isso. “Mas as semelhanças são somente essas. Cada país tem uma dinâmica política interna própria e sua maneira de lidar com o que está acontecendo”, explica ele.
As redes sociais e instrumentos de comunicação, por meio dos quais os manifestantes marcaram pontos de confronto, contribuíram muito para a explosão, mas Valente acredita que é exagero dizer que essas são revoluções provocadas pelas redes sociais. “Não são elas as causadoras desses processos, apenas contribuem”, complementa o professor.
O violento e repressivo ditador, no poder há quase 42 anos, serviu para tirar o país do isolamento diplomático, na última década. Depois de apoiar grupos de terroristas em 1980 e de assumir a responsabilidade pelo ataque ao voo da PanAm, que explodiu na Escócia, Kadhafi pagou indenizações aos familiares das vítimas e foi tirado da relação de países com ligações terroristas. Em 2008, a ONU aceitou a participação da Líbia no Conselho de Segurança e, em 2010, foi eleita para o Conselho de Direitos Humanos.
O fim desse isolamento diplomático impulsionou a economia do país, atraindo investidores estrangeiros. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a economia da Líbia cresceu 10,6% ano passado. Mas essa riqueza não está chegando à população. Cerca de um terço dos líbios vive na pobreza. Esse é o histórico para a explosão da atual guerra civil.
Diversos países, liderados pela OTAN, começaram a protestar e a exigir a saída imediata de Kadhafi. Em meados de março, o Conselho de Segurança da ONU exigiu um “cessar-fogo” e autorizou o uso de forças militares contra o regime líbio. O professor Leonardo Valente disse ainda que é improvável que a revolta árabe se torne uma guerra mundial.
Segundo Valente, Kadhafi está perdendo as forças e a Itália é o país mais propício a dar asilo político ao ditador. “Qualquer país tem condição de asilar Kadhafi. Mas, para alguns, não seria interessante isso acontecer. No caso do Brasil, por exemplo, não seria. E creio que o governo brasileiro compartilha desse mesmo pensamento. Também creio ser pouco provável que o Brasil seja acionado neste sentido. Se for concedido asilo a Kadhafi, isso deve ser feito por algum país africano, da Liga Árabe, ou até mesmo a Itália, que já cogitou esta hipótese“, explica ele.
Os processos de revolução nos países árabes, até mesmo no Egito, ainda são muito recentes para afirmar que resultarão em futuras democracias. “Talvez o país mais perto disso seja o Egito, mas, até neste caso, é cedo para afirmar categoricamente”, opina Leonardo, já que entre derrubar Kadhafi e implantar um governo democrático há uma grande distância.