quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Que se faça o CHAOS



Marcelo Mesquita

            O filósofo da Antiguidade, Platão, certa vez disse: “a música é o remédio para a alma”, talvez ele estivesse certo, pois devido a inúmeros estilos musicais existentes no mundo de hoje, basta só escolher um e “curar-se” ao som de seu agrado, mas e se o caos se fizesse presente? Desde a revolução musical iniciada pelos Beatles nos anos 1960, bandas em todo mundo têm-se experimentado todo o tipo de efeitos sonoros ou coisas do gênero. No Brasil, por exemplo, tivemos o saudoso Chico Science que, com o seu Nação Zumbi, misturou ritmos folclóricos do Maracatu com o rock. Ainda no Brasil, mais precisamente na cidade de Niterói, estado do Rio de Janeiro, surgiu uma banda que começa a cruzar a linha tênue que distingue os estilos musicais.
            Formada por Pablo Tavares (voz e programação), Lucas Borges (guitarra e voz) e Seven Lima (bateria), o Habemus Chaos é o grupo que está dando os seus primeiros passos rumo a um mundo da inovação sonora, basta ouvir a Intro (Habemus Party), a faixa que abre o disco e que nos dá o cartão de visitas de um estilo que pode se chamar de electrorock. Estilo esse que pode nos lançar tanto numa pista de dança como num concerto de rock, envolvendo de tal forma que agradará todos os públicos.
            As letras fortes, os rifs e os solos de guitarra mesclam perfeitamente com as bases eletrônicas, e fazem de músicas como A Missão, Pelotão de Frente e Plante na Cabeça a serem grandes candidatas a entrarem no panteão de clássicos do electrorock brasileiro. Há certo exagero em Funkstep (Bonde do Chaos) em que a banda remete a um clima da cena funk carioca, com ritmos que fariam qualquer funkeiro dançar e curtir, já disse que a banda agrada todos os públicos, não disse? Com We Are The Show e Paradise Waiting, a banda mostra que está preparada para o mercado internacional.
            Mas nada se compara a melhor faixa do disco, Violent Friday Night. Começa com uma pegada pesada de guitarra com o embasamento eletrônico na medida certa, num clima meio sombrio e misterioso um blues arrastado ecoa na voz melancólica que é entoada com uma letra bem angustiante, seguida de um solo magistral que fecha dando um último suspiro até chegar ao clímax do que seria a morte zerando de vez o medidor cardíaco e fim. Mas o Habemus ainda respira, porque daqui para frente o que eles querem é que se faça o CHAOS.
Mais informações: -site oficial http://www.habemuschaos.com - youtube http://www.youtube.com/habemuschaos - facebook http://www.facebook.com/habemuschaos - twitter http://www/twitter.com/habemuschaos

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Aquele que salva uma vida, salva o mundo todo


Marcelo Mesquita

O filme A Lista de Schindler mostra a triste realidade dos horrores da guerra, particularmente a perseguição contra os judeus, também tem como objetivo contar um pouco da vida de Oskar Schindler que, tendo inicialmente uma visão lucrativa, percebe que, aos poucos, pode salvar a vida deles. Baseado em fatos reais, o filme levanta questões acerca da humanidade, e de onde vamos chegar tendo guerras assim tão devastadoras. Faz-nos refletir até que ponto a humanidade vai se dar conta de que a paz é o melhor caminho para se ter uma vida plena e feliz. Será que realmente podemos pensar em paz, depois de tantas armas químicas e biológicas existentes? Onde está a responsabilidade que temos como seres humanos? Para que tanto ódio?
            O diretor Steven Spielberg gravou e arquivou depoimentos de sobreviventes e testemunhas do holocausto para combater o tipo de ódio e ignorância que deu origem ao extermínio dos judeus. A experiência vivida por eles, segundo Spielberg, é tão forte quanto qualquer filme. “São homens e mulheres comuns que puderam superar as circunstâncias e tornaram-se pessoas extraordinárias, como vítimas, puderam, com coragem e firmeza, tornarem-se vitoriosos”, conclui o cineasta.
            O início de A Lista de Schindler é explorado com muitas cenas de primeiríssimo plano, tendo leves toques de subjetiva e plano de meio conjunto. Seguindo o massacre do gueto, vem uma visão panorâmica e, ao mesmo tempo, subjetiva de Schindler. Em um plano de conjunto, é mostrado uma menina que diferencia dos outros judeus e que, fugindo solitariamente, presencia incólume o massacre generalizado ao seu redor, até achar um local seguro para se esconder. O fundo musical é excepcional, lembrando o que poderia ser uma cantiga infantil judia. Na sequência, segue o som da marcha dos soldados que, de certo modo, causava calafrios aos judeus. A rajada de suas metralhadoras contrasta com o piano tocado por um oficial, causando curiosamente até uma indecisão entre eles se aquela música seria de Mozart ou não.


            No menu do DVD, há um piano espetacular que soa triste e melancólico expressando e fazendo-nos sentir e refletir quase que literalmente o sofrimento que os judeus tiveram pelos nazistas. A mesma melodia é ouvida numa cena em que Schindler resgata as mulheres judias em Auschwitz, em um tom mais suave, sem deixar de ser comovente. A cena é encerrada com uma espécie de música judia, atestando a permanência de sua cultura na sociedade. Mesma melodia inicial é tocada num violino arrastado e extremamente minucioso e emocionante, prendendo o ouvinte a refletir sobre os fatos históricos envolvidos no filme para que eles jamais se repitam.
            Spielberg espera que A Lista de Schindler renove no público a atenção sobre o holocausto e ajude a encorajar as pessoas a explorar seu legado na sociedade moderna. “Ninguém pode fazer nada para consertar o passado, aquilo já aconteceu,” disse Spielberg e conclui: “Mas um filme como este pode nos impactar, trazendo a lição para que essas coisas nunca mais aconteçam”.