sábado, 17 de setembro de 2011

Banda Sinfônica do Colégio Salesiano Santa Rosa se apresenta no Teatro Municipal de Niterói-RJ

Maestro Baluê e a Banda do Colégio Salesiano
Marcelo Mesquita

O Teatro Municipal de Niterói abriu as portas para a apresentação da banda colegial mais antiga do Brasil, a Banda Sinfônica do Colégio Salesiano, Santa Rosa, Niterói, RJ. São mais de 120 anos de história e desde a fundação pelo Pe. Pedro Rotta, seu primeiro maestro, suas atividades jamais foram interrompidas. Atualmente, o maestro titular é Affonso Gonçalves Reis, que entrou na banda em 1948 e o maestro-ensaiador é Alexandre Baluê, que começou como músico em 1971 e hoje rege os jovens instrumentistas.
Segundo o maestro Baluê, “a responsabilidade é muito grande. É uma banda que tem 123 anos e passaram vários maestros por aqui”. Sobre a importância de se formar bons músicos, ele diz, “não só musical, mas principalmente pela formação de caráter desses jovens” e conclui, “o bom músico é o somatório de uma série de coisas: responsabilidade, disciplina, companheirismo e o próprio caráter. Na música não existe nada isolado, aqui tudo é conjunto”.
Apesar de ter conquistado vários títulos e troféus no Brasil e no exterior, dentre eles o de Patrimônio Cultural Fluminense, concedido pela Secretaria de Estado e Cultura do Rio de Janeiro e de campeã no II Festival de Música da Juventude em Zurique na Suíça, entre outros, o maestro Baluê lamenta sobre os poucos espaços para a música clássica, porém conforta-se com o bom público que ela produz, “qualquer lugar que se faça música clássica vai ter público, tocamos com o teatro praticamente lotado”, destaca.

O jovem músico e seu fagote
          A Banda Sinfônica do Colégio Salesiano já revelou diversos músicos dentre eles, Luciano Gallet (ex-diretor do Instituto Nacional de Música) e André Filho (autor de “Cidade Maravilhosa”), e hoje ela é composta de alunos, ex-alunos e membros da comunidade, entre eles Rodrigo Rodrigues, conhecido como “corpinho”, um jovem de apenas 16 anos que toca fagote e sonha em ser um excelente músico. “Para mim é uma honra tocar fagote, é muito difícil e caro, mas a banda me deu o instrumento para estudá-lo e vou seguir em frente” e finaliza, “a música representa 90% da minha vida. Comecei a ter contato com a música clássica assistindo e gostei. Melhorou o meu convívio, minha cultura, e meu conhecimento aumentou muito pela influência da música clássica”.

Maico Lopes
         Instrumentista que começou muito cedo na banda, aos 9 anos de idade, Maico Lopes aprendeu a fazer música com o pai, segundo Maico, “minha história com o Salesiano começou em 1989, foi a primeira banda que toquei e fiquei até 2002, passei um tempo fora e agora estou retornando para esse concerto” e conclui, “toda minha base e formação musical foi na Banda do Salesiano, então para mim, praticamente, devo o que sou por minha passagem por aqui”. Maico Lopes ainda teve experiência de tocar com a cantora Marisa Monte, segundo ele, “posso considerar também que foi muito importante na minha carreira como músico, instrumentista e arranjador, o trabalho com a Marisa Monte. Além de participar como trompetista, eu fiz alguns arranjos que fizeram parte dos shows, e eu sempre fui fã dela”.
Sobre ter tocado com uma cantora de sucesso, Maico finaliza, “quando recebi o convite para tocar com ela foi sensacional, para mim ela é uma artista maravilhosa nacional e internacionalmente. Fizemos shows no mundo inteiro e em todos os lugares lotados, o público cantava as músicas, foi muito bom”.
A Banda Sinfônica do Colégio Salesiano apresentou um repertório que empolgou todo o público do Teatro Municipal de Niterói em uma apresentação que ocorreu no mês de julho. Passaram por Alfred Reed, Francisco Braga, Leonard Bernstein, Glenn Miller, Arturo Marques, Guerra Peixe e Tchaikovsky. Atendendo aos pedidos, o bis veio com a clássica Cidade Maravilhosa.
Fotos: Marcelo Mesquita

sábado, 3 de setembro de 2011

Segurança pública no Rio de Janeiro

Natássia Lima
A violência é um dos temas que mais preocupam os brasileiros. E não é difícil entender o porquê.  O país registra estatísticas de homicídios comparáveis às nações em guerra e está no terceiro grupo dos maiores exportadores de armas do mundo. Além disso, é o segundo maior setor de movimentação econômica do planeta (perdendo apenas para o petróleo), o tráfico de drogas também tem sido um dos grandes responsáveis pelo aumento da violência no Rio de Janeiro nos últimos anos.
Para o entrevistado Marcus Ávila, teólogo e historiador, recém-aprovado no concurso da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, que faz um estudo sobre a Segurança Pública, o tema deve ser debatido com seriedade pelos governantes, e principalmente medidas preventivas devem ser adotadas.

Duo Postal: Qual a sua impressão da Segurança Pública no Estado do Rio?

Marcus Ávila: Eu tenho uma péssima impressão. E tudo começa com os péssimos salários pagos aos policiais. Para se ter uma idéia, R$ 800,00 é o piso salarial de um policial no Rio. Dá para fazer segurança com isso? É necessário acontecer uma reforma da segurança pública para proteger a vida da comunidade e do policial, que tem que trabalhar e depois fazer bico em festa.

Duo Postal: Qual é a relação entre segurança pública e direitos humanos?

Marcus Ávila: O Rio é um exemplo de que a segurança pública tem prioridade sobre os direitos humanos. A polícia com frequência usa a força contra pessoas que moram nas favelas e poucas providências têm sido tomadas em relação a isso.

Duo Postal: O que aconteceu para que a situação chegasse a esse ponto?

 Marcus Ávila: Alguns falam em impunidade, outros na ausência do poder público e há ainda os que responsabilizam a polícia, destacando o fato de que está desaparelhada, maltreinada, despreparada para enfrentar os traficantes.

Duo Postal: As Unidades de Polícia Pacificadora podem mudar essa realidade?

Marcus Ávila: Ainda considero que é cedo para avaliar. A experiência é recente e o problema não vai ser resolvido só com UPPs. É preciso uma transformação da polícia e a integração de suas forças. Já é um bom começo, mas ainda não vai resolver o problema dos abusos e da violência policial contra pobres, afrodescendentes e moradores de favela.

Duo Postal: Como você acredita que a atual presidente vai tratar do assunto?

Marcus Ávila: Quando a presidente Dilma Rousseff ainda era candidata, quase não se pronunciou sobre isso, ou quando falava, era de forma genérica, mencionando uma ou outra possível iniciativa, como o controle das fronteiras e a expansão das UPPs. Não foi apresentado um plano nacional de segurança pública com amplitude e especificações técnicas. Não é bom antecipar juízos, mas, infelizmente, tudo indica que vamos continuar convivendo com esse modelo de segurança atual em que pouca responsabilidade é conferida à União.

Duo Postal: E qual o papel do governo federal?

Marcus Ávila: O governo federal deve ajudar a envolver municípios no combate à violência tomando a frente no trabalho de inteligência e mapeando os problemas regionais. O combate tem que ser específico para cada tipo de região e por isso mesmo tem que haver diagnóstico.

Duo Postal: Em sua opinião, quais são as causas da deficiência da Segurança Pública?

Marcus Ávila: Entre as causas dessa deficiência estão o aumento do crime, do sentimento de insegurança, de impunidade e o reconhecimento de que o Estado, apesar de estar obrigado constitucionalmente a oferecer um serviço de segurança básico, não atende sequer, as mínimas necessidades específicas de segurança que formam a demanda exigida pelo mercado.

Duo Postal: Com os recentes acontecimentos, onde a segurança pública tem sido colocada em debate, como você acredita que esse quadro possa ser modificado?

Marcus Ávila: Os problemas relacionados com o aumento das taxas de criminalidade, o aumento da sensação de insegurança, sobretudo nos grandes centros urbanos, são fatos que se arrastam de outros tempos. Resumindo, os novos gestores da segurança (não apenas policiais, promotores, juízes e burocratas da administração pública) devem enfrentar estes desafios, além de fazer com que o amplo debate nacional sobre o tema transforme-se em real controle sobre as políticas de segurança e, mais ainda, estimule a parceria entre órgãos do poder público e sociedade civil na luta por segurança e qualidade de vida dos cidadãos brasileiros.

Duo Postal: Você passou na prova da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Qual a sua expectativa em relação ao exercício dessa profissão?

Marcus Ávila: Apesar de fazer duras críticas ao sistema, eu ainda acredito nele. Não adianta fecharmos os olhos e fingir que está tudo bem, porque não está! E eu estou consciente de tudo o que posso enfrentar, mas mesmo assim eu decidi que quero contribuir de alguma forma para a mudança desse quadro. E a minha maior expectativa é que um dia essa profissão tão nobre possa ser mais valorizada.