Maestro Baluê e a Banda do Colégio Salesiano |
Marcelo Mesquita
O Teatro Municipal de Niterói abriu as portas para a apresentação da banda colegial mais antiga do Brasil, a Banda Sinfônica do Colégio Salesiano, Santa Rosa, Niterói, RJ. São mais de 120 anos de história e desde a fundação pelo Pe. Pedro Rotta, seu primeiro maestro, suas atividades jamais foram interrompidas. Atualmente, o maestro titular é Affonso Gonçalves Reis, que entrou na banda em 1948 e o maestro-ensaiador é Alexandre Baluê, que começou como músico em 1971 e hoje rege os jovens instrumentistas.
Segundo o maestro Baluê, “a responsabilidade é muito grande. É uma banda que tem 123 anos e passaram vários maestros por aqui”. Sobre a importância de se formar bons músicos, ele diz, “não só musical, mas principalmente pela formação de caráter desses jovens” e conclui, “o bom músico é o somatório de uma série de coisas: responsabilidade, disciplina, companheirismo e o próprio caráter. Na música não existe nada isolado, aqui tudo é conjunto”.
Apesar de ter conquistado vários títulos e troféus no Brasil e no exterior, dentre eles o de Patrimônio Cultural Fluminense, concedido pela Secretaria de Estado e Cultura do Rio de Janeiro e de campeã no II Festival de Música da Juventude em Zurique na Suíça, entre outros, o maestro Baluê lamenta sobre os poucos espaços para a música clássica, porém conforta-se com o bom público que ela produz, “qualquer lugar que se faça música clássica vai ter público, tocamos com o teatro praticamente lotado”, destaca.
O jovem músico e seu fagote |
A Banda Sinfônica do Colégio Salesiano já revelou diversos músicos dentre eles, Luciano Gallet (ex-diretor do Instituto Nacional de Música) e André Filho (autor de “Cidade Maravilhosa”), e hoje ela é composta de alunos, ex-alunos e membros da comunidade, entre eles Rodrigo Rodrigues, conhecido como “corpinho”, um jovem de apenas 16 anos que toca fagote e sonha em ser um excelente músico. “Para mim é uma honra tocar fagote, é muito difícil e caro, mas a banda me deu o instrumento para estudá-lo e vou seguir em frente” e finaliza, “a música representa 90% da minha vida. Comecei a ter contato com a música clássica assistindo e gostei. Melhorou o meu convívio, minha cultura, e meu conhecimento aumentou muito pela influência da música clássica”.
Maico Lopes |
Instrumentista que começou muito cedo na banda, aos 9 anos de idade, Maico Lopes aprendeu a fazer música com o pai, segundo Maico, “minha história com o Salesiano começou em 1989, foi a primeira banda que toquei e fiquei até 2002, passei um tempo fora e agora estou retornando para esse concerto” e conclui, “toda minha base e formação musical foi na Banda do Salesiano, então para mim, praticamente, devo o que sou por minha passagem por aqui”. Maico Lopes ainda teve experiência de tocar com a cantora Marisa Monte, segundo ele, “posso considerar também que foi muito importante na minha carreira como músico, instrumentista e arranjador, o trabalho com a Marisa Monte. Além de participar como trompetista, eu fiz alguns arranjos que fizeram parte dos shows, e eu sempre fui fã dela”.
Sobre ter tocado com uma cantora de sucesso, Maico finaliza, “quando recebi o convite para tocar com ela foi sensacional, para mim ela é uma artista maravilhosa nacional e internacionalmente. Fizemos shows no mundo inteiro e em todos os lugares lotados, o público cantava as músicas, foi muito bom”.
A Banda Sinfônica do Colégio Salesiano apresentou um repertório que empolgou todo o público do Teatro Municipal de Niterói em uma apresentação que ocorreu no mês de julho. Passaram por Alfred Reed, Francisco Braga, Leonard Bernstein, Glenn Miller, Arturo Marques, Guerra Peixe e Tchaikovsky. Atendendo aos pedidos, o bis veio com a clássica Cidade Maravilhosa.
Fotos: Marcelo Mesquita