quarta-feira, 29 de junho de 2011

Os desafios do Jornalismo Cultural

Anne Araújo

O jornalista cultural Ricardo Schott, que hoje atua como crítico musical no site Laboratório Pop conta um pouco de sua vida e experiências.  Ricardo revela que é formado em psicologia e atuou na profissão por um bom tempo, porém sua grande vontade era falar de música. Niteroiense, Ricardo Schott trabalha como jornalista desde 2002, mas só se formou em 2003. Ele trabalhou por dois anos no Jornal do Brasil, colabora para a Billboard e para diversos blogs de música.
Ricardo conta o que faz para garantir seu espaço no meio cultural, “é ousado querer ser jornalista cultural, afinal, todo mundo quer. Tento fazer com que meu trabalho saia diferente. Por exemplo, quando vou a qualquer entrevista pego uma frase solta para servir de ponto de partida do meu trabalho. Isso fará com que a leitura fique mais interessante”.
Perguntado sobre o papel que as redes sociais têm assumido na hora de fazer novas descobertas musicais, Ricardo reforçou que o jornalismo absorveu tudo isso. Ele deu como exemplo o que Ed Motta faz no Twitter.
“O Ed Motta faz o que muitos assessores de imprensa não conseguem, ele publica lá o nome de músicos que ele curte e que muitas vezes são desconhecidos. Ele coloca links com a música, vídeos do Youtube que no fim das contas ajudam o artista.” 
Ricardo recebe sempre muitos CDs de divulgação de artistas, coisas boas e ruins e para ele fazer essa seleção é uma atividade prazerosa e interessante. “Tenho que ser curioso para encontrar o que quero. É um trabalho difícil," afirma.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Uma grande celebração à arte


Foto: Divulgação
Marcelo Mesquita

Idealizado pelos poetas Rodrigo Santos e Rômulo Narducci, inspirados pelo livro homônimo de Álvares de Azevedo, Uma Noite Na Taverna é um sucesso em São Gonçalo-RJ, tendo acontecido nos anos de 2004 e 2005 no SESC; 2006 e 2007 na Fundação de Artes de São Gonçalo e regressando em 2008 novamente ao SESC, onde acontece desde então, mantendo uma média mensal de público de 150 pessoas.
As tavernas eram o ponto de encontro dos artistas na Idade Média. Ao criar um clima de taverna, com velas e penumbra, eles trazem ao público contemporâneo, a mesma magia de outrora. Essencialmente literário, o recital abre suas portas para todas as manifestações artísticas: teatro, artes plásticas, música, cinema, dança. E é neste clima que tais manifestações são apresentadas de forma a envolver o público em uma grande celebração à arte.
O Duo Postal conversou com os poetas sobre o sucesso da Taverna e entre outras coisas, a possibilidade deles estarem levando o recital de poesia para outros lugares.


Duo Postal: Quando perceberam que a poesia ia fazer parte da vida de vocês?

Rodrigo Santos: Eu percebi muito cedo lendo poesia e acho que todo mundo passa por um período que rabisca alguma coisa. Por eu gostar muito de ler, eu me interesso em ler poesia e vi nisso também uma forma de expressão.

Duo Postal: Quais foram os poetas que mais influenciaram a vida de vocês?

Rômulo Narducci: Eu comecei a ser influenciado através do teatro, quando fiz um curso de teatro, muito cedo também, por volta de uns 12 anos, e nós trabalhávamos os textos de Baudelaire, Rimbaud. Então foi aí que a poesia começou a me despertar, só que de acordo com o que você vai seguindo, você acaba se tornando poeta, ainda mais para o evento que a gente faz. Nós vamos sofrendo algumas interferências também como, por exemplo da minha parte, a geração do Baronismo, todos aqueles poetas do mal do século e uma bem pesada influência da Beat Generation, com Allen Ginsberg, Bukowisk e em alguns momentos a gente percebe que a geração que vem escrevendo hoje em dia frequenta a Taverna. Não sei se isso é influência dos nossos influenciadores que nós mostramos, ou se já é um movimento que está surgindo.

Rodrigo Santos: Eu comecei a escrever poesia por ler meu grande mestre, Álvares de Azevedo, para mim foi o cara que me norteou. Eu tive várias influências, mas a base que me influenciou foi Álvares de Azevedo. Depois que tive contato com Fernando Pessoa não mudei a temática, mas mudei a forma de escrever. Álvares de Azevedo e Fernando Pessoa me ajudaram bastante.

Duo Postal: Como vocês traduzem o sucesso da Taverna?

Rodrigo Santos: É o que a gente acredita. As pessoas gostam de arte. No Brasil, criou-se essa aura que arte é para intelectuais e não é, a arte fala para a alma e alma todo mundo tem. Nesses oito anos temos uma média de público de 150 pessoas. Já tivemos até 250 pessoas num evento, tinha gente sentada no chão para ouvir poesia. O sucesso não é nosso, o sucesso é estar viabilizando esse acesso à arte ao grande público.

Duo Postal: Vocês já pensaram em sair por outras cidades em turnê, levando a Taverna?

Rômulo Narducci: Estamos pensando sim, e percebemos que a cidade de São Gonçalo (RJ), está ficando pequena. Já tivemos propostas, a gente está analisando e vamos entrar em contato para poder ver essa questão.

Rodrigo Santos: A gente roda muito em evento de poesia também e o que a gente vê, seja na Zona Sul, ou em Icaraí, são eventos de arte para artista. A arte é popular sim, ela não precisa ser popularesca, não precisa diluir isso para mostrar ao público. A gente quer levar para outros lugares justamente essa ideia, de quebrar essa hegemonia intelectualóide que existe no Brasil, na arte em geral, seja na música, poesia e por aí vai.

Duo Postal: Sobre a valorização da leitura, como você vê o jovem de hoje em dia, que prefere ficar horas na internet ao invés de ler um livro.

Rodrigo Santos: Eu acho que o problema não é a internet. Eu acho que tem que quebrar esse paradigma para o jovem, é conseguir mostrar para ele que dentro do livro, ele vai se divertir, ele vai aprender, não é só aquela coisa pedagógica. É mostrar para o jovem a importância e o prazer dele em ler. O problema não é o meio, o problema é como o meio é utilizado.


Os tavernistas Rômulo Narducci e Rodrigo Santos

Finalizamos com uma estrofe de uma das poesias de Álvares de Azevedo:

“Quantos encantos sonhados
Sinto estremecer velados
Por teu cândido vestido!
Sem ver teu seio, donzela,
Suas delícias revela
O poeta embevecido!”
Foto: Marcelo Mesquita

sábado, 4 de junho de 2011

Terremoto provoca dez mortes na Espanha

Gabrielle Fernandes
  Um terremoto no sudeste da Espanha deixou pelo menos dez mortos e vários feridos em estado grave, no fim da tarde de 11 de maio. Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS na sigla em inglês), que monitora e estuda abalos sísmicos, o terremoto atingiu 5,7 graus na escala Richter, às 18h47 local (13h47 de Brasília). As vítimas eram da cidade de Lorca, que tem 90 mil habitantes. Na cidade de Múrcia, município que fica a 4 km do epicentro do terremoto, construções históricas ficaram destruídas. Os técnicos municipais estão analisando se os edifícios têm danos estruturais ou apenas nas fachadas.
“De repente, o chão começou a tremer, minha mãe chegou gritando para ficarmos embaixo dos portais”, contou Emílio, morador de Múrcia, à televisão pública espanhola. Dez mil pessoas ficaram desabrigadas. “A prioridade no momento é atender aos feridos e ver as possíveis vítimas”, informou Francisco Jodar, prefeito da cidade. Na rádio pública, RNE, o delegado do governo de Múrcia, Rafael González Tovar, relatou que todo o centro de Lorca foi atingido.
O epicentro do terremoto foi a 353 km de Madri, mas o tremor também foi sentido na capital, porém sem danos. Segundo o governo, Albacete e Vélez-Rubio, na região de Almeria, também sentiu o abalo. O tremor ocorreu a uma profundidade de cerca de um quilômetro, considerada bastante rasa para tremores, o que aumenta o potencial destrutivo. As autoridades espanholas afirmaram que um outro tremor, de magnitude 4,4 ocorreu pouco antes de 15h05 (horário local).
“O sudeste da Espanha é uma das regiões de maior periculosidade sísmica da Península Ibérica e é normal que se alcancem estas magnitudes, mas não temos constâncias de magnitudes maiores na região”, explicou o diretor da rede sísmica espanhola, Emílio Carreño, à rádio pública. Até então, o maior terremoto sofrido na região de Múrcia ocorreu em 1999 e alcançou 5,2 de magnitude, segundo o jornal El País. O último terremoto que registrou mortes no país deixou sete mortos em Huelva (sudoeste), com uma magnitude de 7,8 graus e epicentro no sudoeste do cabo de São Vicente em Portugal.