sexta-feira, 8 de junho de 2012

Brindemos à poesia

Marcelo Mesquita

Um Brinde à Poesia: os poetas se reúnem na penumbra do teatro, uma luz tímida é projetada no palco e o público se acomoda nas cadeiras e contempla esse momento de magia. Os poetas se apresentam e cada um mergulha fundo na complexidade das palavras que são ditas com tanta veemência que parece que dá para pegá-las no ar. A emoção é sentida em cada gesto, em cada suor e em cada riso, alguns são banais, outros geniais, não importa. A poesia é única naquele instante e Lucília, trajando suspensórios e um chapéu robusto, conduz o espetáculo. Foi aos 14 anos de idade, na timidez da adolescência, que a poetisa Lucília Dowslley se interessou e escreveu a sua primeira poesia, chamada “Solidão”, pois ficava quieta na carteira e não se comunicava em sala de aula. Sua pretensão era sempre sair dali e se comunicar com as pessoas em volta.
            - Escrevia muito sobre solidão e sobre as notícias que eu lia sobre o mundo, e lembro que eu chorava e escrevia – explica a poetisa.
            Desde então, Lucília descobre a poesia de Fernando Pessoa, Cecília Meirelles e Vinícius de Moraes, porém foi com Pessoa que ela se envolveu e teve mais contato.
            - Carla Soares, uma grande amiga, trouxe o Pessoa para os palcos, para a minha trajetória poética, porque ela sabia de cabeça os textos grandes e eu fui ter mais contato com Pessoa dentro da poesia falada e nas apresentações que eu fazia – afirma.
            No entanto, na noite de 10 de maio de 1999, dois dias para seu aniversário, uma revelação num sonho mostrou à Lucília como seria o evento, algo como um anjo dizendo tudo que deveria ser feito para que “Um Brinde à Poesia” fosse de fato um momento mágico e sublime.
            - Acordei com a ideia do nome na cabeça, da foto que seria símbolo do movimento, da data em que eu deveria lançar, quem seriam os patronos, os poetas que iriam falar no lançamento, se eu deveria fazer uma publicação de mil livretos que poderia ser distribuído no evento. A foto-símbolo foi uma que fiz no Central Park, em Nova York um ano antes, em 1998, guardei e intitulei como “Meu Anjo” – complementa.
            “Um Brinde à Poesia” é um sarau poético apresentado no Museu de Arte Contemporânea (MAC), em Niterói-RJ, mas no início apenas Lucília e Carla apresentavam trabalhos de Fernando Pessoa e Vinícius de Moraes. Nas edições posteriores até hoje são sempre três poetas convidados, Lucília faz a abertura, há uma canja, que é o momento em que o público que chega pela primeira vez, ou pessoas que nunca participaram da programação como poeta convidado, podem ir ao microfone e falar um poema de sua autoria ou de qualquer outro poeta.
            - Depois, os três poetas convidados do mês prestam uma homenagem a algum compositor brasileiro e, às vezes, no mesmo mês, há algum poeta consagrado e aí tem uma atração musical também que sempre me acompanha – ressalta Lucília.
            Lucília ainda lembra da parceria com a Fundação de Artes de Niterói que a ajuda na divulgação, além da cidade ter um clima propício para poesia. Ela se sente feliz pelo público ter contato e ir porque gosta ou das pessoas que vão para conhecer e passam a gostar, a se interessar mais e a frequentar e estar todo mês até chegar ao ponto deles pegarem o microfone e se apresentarem. Para ela todos são importantes, independente se o poeta tem uma projeção nacional ou mundial, o que importa é a pessoa se expressar e ter esse canal de expressão. A arte para Lucília faz com que o ser humano consiga ter um caminho para o autoconhecimento e uma visão geral do mundo que o rodeia. “Um Brinde à Poesia” é uma vitrine para quem está começando, inclusive, para ter a oportunidade de mostrar o trabalho autoral, tanto de poetas quanto de compositores. Ao final, Lucília declara e transcende nas palavras que define o que é poesia.
            - A poesia é a vida, é esse pulsar, é despertar um brilho no olhar, um sorriso, é abrir os olhos pela manhã e perceber o céu, os pássaros, as flores. A poesia é a vida, toda arte tem poesia, todo tipo de expressão artística tem poesia, ela está contida em cada ser humano, no cosmos, no universo. Acredito que todo mundo de uma certa forma tem um poeta dentro de si, seja com a palavra falada, na música, o poeta do corpo, da dança, então são várias as formas de expressão em que a poesia se manifesta – conclui.
Foto: divulgação

13 comentários:

  1. a poesia é uma forma bonita de arte

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  2. só coisa interessante, a poesia devia ser mais valorizada, é algo lindo

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  3. Concordo que a poesia devia ser mais valorizada

    http://missfeminice.blogspot.com.br/

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  4. "A poesia é a vida, é esse pulsar, é despertar um brilho no olhar, um sorriso, é abrir os olhos pela manhã e perceber o céu, os pássaros, as flores."
    -

    Exatamente! :)

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  5. Um brinde a poesia! a poeisa é um pouco mais, alias, um pouco não muito mais do que é definido no final do texto.

    Tiago Guillen

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  6. É algo do qual só se entende quem carrega em si o mesmo dom e o mesmo amor por esta arte. Acho mágica a forma com que a poesia simplesmente nasce em nós, tantas situações, como as vividas por Lucília.

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  7. Bom texto e trabalho. Poesia é muito bom para quem gosta. Prefiro mais os poemas.

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  8. Excelente blog, referindo-se a poesia essa é uma
    arte linda e pouco apreciada, ótima iniciativa,
    conhecendo o blog agora é já estou seguindo,
    Temos um blog também sobre jornalismo dá uma passadinha lá.
    Beijão

    Pamela Rodrigues
    opiniaoevisaocritica.blogspot.com.

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  9. A poesia é algo sublime dentro do universo das letras, algo que ainda está em desenvolvimento em mim.

    http://pitadadecinema.blogspot.com.br/

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  10. Conheci Lucília em um evento do Movimento Identidade Cultural no Rio de Janeiro onde também adquiri seu livro Carmin.
    Fiquei apaixonada pela obra e pela simpatia de Lucília.
    Obrigada pela visita,
    bjoks

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  11. Amo a Literatura acima de tudo e a poesia é uma das coisas que aprendi a gostar. Imensamente importante na vida que levamos!

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  12. Confesso que faz pouco tempo que comecei a gostar de literatura, e a poesia tomou conta do meu ser. Faz 2 anos que não largo mais a poesia, sempre estou lendo algumas em blog, livros, etc...
    Estou adorando meu novo eu!

    Abração amigo!

    Lyu somah
    http://lyusomah.blogspot.com.br/

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