sábado, 22 de janeiro de 2011

Destruição e solidariedade em Nova Friburgo

Marcelo Mesquita

Partimos de Niterói às 08h da manhã de terça-feira, 18 de janeiro com destino à cidade de Cachoeiras de Macacu. Lá sairia mais um caminhão que nos aguardava para o transporte das garrafas de água mineral que seriam doadas às vítimas das enchentes de Nova Friburgo. Num total de 10 mil litros.
Seguimos pela RJ-116 que liga Cachoeiras de Macacu a Nova Friburgo. Nas praças de pedágio os caminhões que levavam donativos para a Região Serrana eram liberados. Pelo caminho pudemos constatar o nível dos estragos causados pelas chuvas. Presenciamos a enorme destruição causada pelos deslizamentos na estrada, em que crateras imensas ficaram abertas na pista.
Era comum ver vários carros da Polícia, Bombeiros e da Defesa Civil espalhados por toda a cidade. Caminhões de seguros haviam rebocado muitos carros que tinham sido atolados pela lama das enxurradas. Também havia casas em situação de perigo, em que deslizamentos poderiam acontecer a qualquer momento em que houvesse uma chuva forte.
Enquanto estávamos na altura da Serra Verde Imperial, faltando aproximadamente uns 13 km para o centro da cidade de Nova Friburgo, um engarrafamento impedia os motoristas de prosseguirem. Havia apenas uma passagem e a Polícia estipulava um tempo determinado para a travessia dos carros. O engarrafamento era muito grande e chegamos a ficar mais de uma hora completamente parados. O transtorno fez com que alguns motoristas saíssem de seus carros e aguardassem do lado de fora.
Apesar de ter vários caminhões recolhendo o entulho e a lama, também havia bastante lixo e destroços nas calçadas e espalhados pela rua. A maioria da população usava máscaras para se proteger de possíveis contaminações que pudessem vir pelo ar, devido a grande quantidade de poeira e ao mau cheiro que a sujeira causava. Um posto do Hemorio foi montado no centro de Nova Friburgo para que as pessoas pudessem doar sangue. A Marinha também colocou veículos para o auxílio às vítimas, além da instalação de um hospital de campanha.
O governador Sérgio Cabral também estava na cidade e anunciou projetos habitacionais e disse que a parcela do benefício do Aluguel Social será paga para os seis mil desabrigados já no início de fevereiro.
Por volta das 14h chegamos na Avenida Alberto Braune para a descarga da água. A Defesa Civil, com ajuda de voluntários, recolhia todas as doações na antiga fábrica Ypu em Nova Friburgo e descarregamos os caminhões. Segundo o motorista Ivanildo: “estar contribuindo para esse pessoal que precisa, é gratificante”, concluiu.
E não é para menos, a cidade de Nova Friburgo foi uma das mais atingidas pelas enchentes. O governo decretou estado de calamidade pública na região. Até o final desta edição, o número de mortos chegava a 742 em toda Região Serrana, com 353 mortos em Nova Friburgo, 298 em Teresópolis, 62 em Petrópolis, 22 em Sumidouro, seis em São José do Vale do Rio Preto e um em Bom Jardim. Ainda há a possibilidade de encontrar mais corpos e estima-se que 25 mil pessoas ainda estejam desalojadas e desabrigadas em toda a Região Serrana.
Fotos: Marcelo Mesquita

sábado, 8 de janeiro de 2011

A Guerra no Rio: Estado e comunidade uniram forças

Pablo Tavares

         A guerra contra o tráfico, como jamais se viu no Estado do Rio de Janeiro, teve um fator determinante para a vitória das forças aliadas, militares e policiais, perante a criminalidade: a população. Desde o início das operações que visavam dar uma resposta firme à onda de ataques criminosos, o povo do Rio de Janeiro serviu como um parceiro indispensável ao trabalho das forças de segurança.
         A população, que em muitas vezes se viu impotente diante das ações dos bandidos, que durante décadas aterrorizaram o cotidiano da cidade do Rio de Janeiro. Desacreditados com o trabalho da polícia, os moradores clamavam por uma repressão maior em relação aos traficantes. A invasão do Complexo do Alemão era a atitude que faltava para enfim, a população se tornar participativa na caça aos criminosos.
         Diante da resposta firme da polícia à onda de ataques, pessoas comuns aderiram ao trabalho de investigação policial, ajudando com informações e denúncias através do Disque-Denúncia. Este serviço apresentou aumento considerável no número de ligações recebidas com diversas informações, desde os locais onde bandidos estariam escondidos, até onde havia armamentos e drogas entocadas. Esta foi a forma da população demonstrar apoio às forças de segurança.
         A atitude da população foi comemorada pelo Estado, tendo em vista que muitas das apreensões, feitas durante a varredura em locais como a favela do Alemão e na Vila Cruzeiro, foram graças a informações de moradores passadas a policiais. Vale lembrar que todo o cuidado de anonimato destes informantes foi realizado.
         Para se ter uma idéia da força da população neste trabalho feito pela polícia, desde que a onda de ataques se iniciou, o número de ligações recebidas pelo Disque-Denúncia, com informações de traficantes, ataques e locais em que armas e drogas estivessem escondidas ultrapassou a marca de 3,6 mil ligações. Este número foi apenas na segunda-feira, 29 de novembro – dia em que os ataques se iniciaram. Vale lembrar que a média de diária não passava de 300 ligações.
         O que se notou diante deste trabalho conjunto entre população e Estado é que, finalmente, comunidade e governo trabalharam de forma conjunta. O resultado conseguido através desta ação de ajuda mútua é uma importante demonstração que Estado e comunidade devem trabalhar juntos, seja no combate a criminosos, ou em assuntos de interesse geral. A tomada do Complexo do Alemão foi um exemplo claro de que, quando se junta forças, Estado e comunidade se fortificam.